O argumento relativista
O argumento relativista é milenar. Eratóstenes utilizou-o para estimar o raio da Terra, obtendo um valor que não difere substancialmente das mais fidedignas medidas efetuadas no século XX. O segredo do relativismo reside no conhecimento detalhado do relacionamento entre o que se mede (os universais) e a forma como a medida foi obtida, ou seja, de que maneira os observadores (as coisas em que se manifestam os universais) captaram a informação que resultou na medida. Em outras palavras: Qual foi o referencial da medida? Respondida esta pergunta, surge outra: Qual seria o valor da medida se o referencial tivesse sido outro?
Mudar o referencial de medida significa encontrar o valor que seria obtido para o universal caso as condições de observação tivessem sido diferentes daquelas que realmente foram processadas. Tais mudanças de referencial exigem o conhecimento prévio de regras específicas que relacionam as variáveis (o valor estabelecido para o universal) nos vários referenciais. Em geral, estas regras, a que chamaremos transformações conformes, são simples, estando há muito axiomatizadas: é o caso do teorema de Tales. Arquimedes foi outro hábil físico relativista. Concebeu uma balança relativista capaz de estimar, em alguns kilogramas, corpos de massa astronômica como a Terra.
Galileu expandiu o conceito para o estudo do movimento verificando, pela utilização de transformações conformes convenientes, ser indiferente considerar a Terra ou o Sol em repouso. Galileu verificou também que as leis da natureza sujeitavam-se a transformações conformes: modificando-se o referencial, as leis conservavam o caráter universal, mas as equações que as expressavam modificavam-se através de um código natural. Notou ainda que para o caso específico da mecânica e para referenciais que se moviam de maneira retilínea e uniforme, uns em relação aos outros, este relacionamento traduzia-se na identidade enunciando, com base nesta constatação, o Princípio da Relatividade de Galileu.
Em termos de relatividade, o último passo foi dado por Einstein, conquanto considerasse a sua derradeira teoria sobre o assunto uma teoria incompleta. Em 1916 enunciou, apoiado em experiências de pensamento, o seu Princípio da Equivalência, que serviu como ponto de apoio para que chegasse ao Princípio da Relatividade Geral.
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