msg 16 De: "Alberto Mesquita Filho" Data: 12/05/00 Caro Antonio Carlos Andei "sapiando" seu Web Site Máquinas Eletrostáticas e o achei deveras interessante. Voltarei a visitá-lo nas próximas semanas pois encontrei lá muitas coisas que gostaria de aprender. Agradeço ao Léo pela dica e a você pelo imediato atendimento a minha solicitação. Concordo com o Léo quando, na msg 4686 (Links cientificos) afirma que você é "um fanático pela eletrostática, histórico e restaurações". Também sou um apaixonado pela história das ciências, a ponto mesmo de, vez ou outra, me dar conta de "a quantas anda minha ignorância sobre o assunto". Gosto, em especial, de "me colocar" no espaço e tempo vivido pelos gênios do passado e isto, muitas vezes, leva-me com frequência a ser mal interpretado. Pois quando digo, por exemplo, que algo explica-se pela física de Newton, meu inconsciente, não raramente, volta três séculos atrás e ignora totalmente aquilo acrescentado a esta física nos séculos XVIII e XIX a contrariar os fundamentos básicos, a rigidez de conceitos, a preocupação em permanecer fiel a uma filosofia genuinamente natural, a se apoiar na experimentação do que realmente se vê e não do que poderia ser visto em condições especiais, a menos que realmente existam tais condições... E flagro-me defendendo uma física que não mais existe, a não ser em minha mente, pois muitas coisas que hoje dizem ser newtonianas são, na realidade verdadeiras afrontas ao que de mais belo Newton nos legou; e, para utilizar as próprias palavras de Newton, diria que tratam-se de "absurdos tão grandes, que acredito que homem algum que tenha em questões filosóficas competente falculdade de pensar, possa cair nele" (Newton, citado por LACEY, H.M. em "A Linguagem do Espaço e do Tempo, Ed. Perspectiva, São Paulo, 1972, p. 142). Por outro lado, sou também tão "turrão" quanto o Léo afirma ser e se persisto neste nosso diálogo, à primeira vista sem sentido (já cheguei a afirmar que provavelmente estaria ocorrendo algo de natureza semântica) é por que acredito que ainda iremos nos entender e perceber que, de alguma forma, tudo o que dissemos faz sentido, corrigidos pequenos erros que porventura possamos ter cometido. E fico me perguntando: Será que o motivo de nossas aparentes divergências não reside em você se referir a uma física genuína de Maxwell, de Faraday, de Ampère... ao passo que eu estaria interpretando esta física como aquela que surgiu após os trabalhos de Lorentz e, posteriormente, de Einstein? Alberto: Pensei na época que você estivesse utilizando a teoria de Maxwell e estivesse visualizando algum artifício que não enxerguei, pois a teoria de Maxwell leva-nos a uma conclusão totalmente oposta. Agora você parece concordar que não está seguindo a teoria de Maxwell e sim uma nova idéia relacionada a uma reinterpretação de efeitos de campos eletromagnéticos visto por cargas em repouso relativo.Seria isso?Antônio: Não, apenas velho eletromagnetismo Maxwelliano. Pois é, "velho" eletromagnetismo maxwelliano! Agora começo a entender as peripécias que você utilizou ao explicar como duas cargas em repouso relativo se interagem magneticamente. Não é impossível que você esteja ressuscitando as idéias dos gênios do eletromagnetismo do século passado pois, à luz do eletromagnetismo "clássico" como é interpretado neste século, suas idéias realmente soam-me sem sentido. Porém talvez fizessem sentido para Maxwell, que nào conheceu a relatividade. Pergunto, então, para mim mesmo: O que ele teria utilizado para contornar as "aparentes" falácias relativísticas? Sim, pois que hoje, frente ao meu modelo teórico, não tenho dúvidas de que são falácias [Ói a minha megalomania se manifestando ]. Mas Maxwell não conhecia o meu modelo! . E desculpe-me dizer, mas aquela sua idéia de campo magnético agindo entre cargas em repouso relativo ainda não me convenceu. Está aí faltando alguma coisa, provavelmente relacionada a alguma propriedade do fluido elétrico como teria sido interpretado na época, pois não me parece ser algo relacionado única e exclusivamente às linhas de campo de Faraday. Antônio: Correntes com mesmo sentido em fios paralelos provocam atração. Cargas elétricas de mesma polaridade provocam repulsão. Sem dúvida. Estas leis ainda não foram revogadas. Alberto: Repito o questionamento em outras palavras: Parece-me que você estranhou determinados efeitos experimentais citados em sua primeira mensagem como "canal estreito por onde passam faíscas elétricas" e "condutor com formato de fita operando em alta tensão". Estes efeitos, a sua maneira de ver, e como a estou interpretando, não seriam compatíveis com a teoria de Maxwell e, para explicá-los você estaria propondo uma nova versão de campo magnético a agir em cargas em movimento porém em repouso entre si. Seria isso?Antônio: Procurei dizer que estes efeitos são explicáveis pela teoria convencional. Convencional talvez, se no sentido acima exposto (genuinamente maxwelliano). Mas volto a dizer, estaria faltando alguma coisa além da idéia que você propôs, e que estou assumindo como devida aos físicos do século passado. Mesmo porque eles deviam ter alguma explicação clara para as leis que enunciaram independentemente da relatividade moderna. Antônio: Porquê o elétron não sofreria forças Coulombianas? Há uma infinidade de dispositivos usando feixes de elétrons interagindo com campos elétricos, e todos funcionam de acordo com forças Coulombianas. Com correções relativísticas em muitos casos. Eu diria que há uma infinidade de dispositivos a demonstrarem que o elétron sofre forças. A partir deste fato consumado, admite-se que tais forças são coulombianas e, utilizando-se esta hipótese calcula-se o que chamamos "carga do elétron". Verifica-se, no entanto, que em determinados campos o elétron, representado por esta suposta "carga", apresenta comportamentos estranhos (órbitas permitidas, efeito Aharonov-Bohm, experiência da dupla fenda, etc). Para atender a estas condições em que o elétron não obedece a teoria clássica, não porque seja uma partícula rebelde, mas porque a teoria não foi feita para partículas e sim para fluidos elétricos, cria-se a teoria quântica, que nada mais é do que um conjunto de algoritmos matemáticos inventados para explicar o que o eletromagnetismo clássico não explica por ter sido supervalorizado. Pretender que o eletromagnetismo clássico explique o comportamento de partículas é tão absurdo quanto pretender que a mecânica dos fluidos explique o movimento dos planetas ao redor do Sol. Antônio: Um campo é um campo. Tem apenas intensidade e direção, não é afetado se o que o gera está em movimento, desde que o movimento não afete a direção ou a intensidade. Por exemplo, o campo magnético gerado por um ímã cilíndrico com polos nos centros das faces é o mesmo, não importando se o ímã está parado ou girando em redor de seu eixo. Eu não diria isso com tanta convicção, ainda que se comprovasse laboratorialmente; a menos que as partículas constitutivas do imã fossem, em decorrência disto, submetidas a giros da ordem daqueles responsáveis pelo campo magnético que geram, e acredito não estarmos ainda dotados da tecnologia necessária para tal. Alberto: A diferença entre uma corrente efetiva e este fluxo de cargas é que no caso da corrente o conjunto é neutro, ou seja, não tem carga resultante e portanto não há campo elétrico (pelo menos esta é a visão interpretativa mais comum da teoria de Maxwell).Antônio: O campo elétrico existirá em qualquer caso. Não vou dizer que você está errado. Direi apenas que não é isso o que se lê nos livros atuais. Antônio: É, já ví que vou ter que aprender relatividade direito (ou o que mais for) se quiser mesmo entender eletromagnetismo... Quanto a isso eu discordo. Mas, quem sou eu para ir contra a relatividade moderna? [ ]'sAlberto |