msg11955 De: Alberto Mesquita Filho Data: 23/11/01 Sobre a física quântica Alberto: Perceba então que para ser contra a mecânica quântica eu nem precisaria conhecer a mecânica quântica, seria suficiente conhecer o terreno onde ela foi construída.Sergio: Yoohhh... ai é que o ponto bate. Convido-te a olhar o site (de químicos) sobre MQ A Brief Review of Elementary Quantum Chemistry. Lá tem os postulados da Mecânica Quântica de Hoje. Não uma qq mecânica quântica. Sim, mas são todos postulados construídos no terreno que apontei. "Desse mato não sai coelho" e a tolerância com a incapacidade inerente à MQ já está se transformando numa rotina. Modifica-se o perfume mas conserva-se a essência, para não dizer que mudam as moscas mas... . Por outro lado, já disse: Sou um cientista amador e não compromissado com qualquer tipo de academicismo, pelo menos no setor da física. Por ser um cientista amador, posto-me frente a uma teoria como o indivíduo que vai comprar um apartamento. Se o alicerce do prédio estiver comprometido, nem me dou ao luxo de examinar o apartamento, por mais que contenha todos os requintes que gostaria que tivesse. Pois a mecânica quântica é isso: um magnífico apartamento repleto de luxúrias inenarráveis e construído num prédio prestes a desabar. Quem viver verá. Sergio: Eu gostaria que me dissesses qual daqueles não se pode aceitar clássicamente. Podes aceitar todos. Eu nem me dou ao luxo de criticá-los pois todos já sabem o que penso sobre cada um, e com isso só consegui fazer inimigos entre os fanáticos defensores da MQ. Minha única preocupação, no momento, é entender como uma coisa que apóia-se em cima de erros crassos pode redundar em algo que ÀS VEZES dá certo. Volto a dizer: o problema reside na essência, no terreno e nos alicerces. E essa essência não está nos princípios, mas na interpretação errada das experiências que os justificam; e quanto a isso creio que já me expus demais e portanto não digo mais nada. Assistirei o desabamento de camarote e com a consciência tranquila. Sergio: Daqui que isso que dizes de "nem precisaria conhecer a mecânica quântica, seria suficiente conhecer o terreno onde ela foi construída." não é sequer um principio lógico. Sim, mas já debatemos esse assunto quando concluímos que vemos a física por perspectivas diferentes. Alberto: Mesmo porque, os fluidos biológicos não são, via de regra, fluidos newtonianos (no sentido em que não se sujeitam às simplificações newtonianas).Sergio: Não entendi o que queres dizer com isto. A Mecânica de Fluidos pode ser clássica e relativista. Falando da Clássica, ela assenta nas leis de Newton. Portanto, de que simplificações falas que não se podem usar? (Os fluidos biológicos são descritos por mecânica relativista de fluidos?) Não, a coisa é bem mais simples. O que chamamos "fluido newtoniano" é uma simplificação ideal e esta simplificação dá certo para a maioria dos fluidos. Idealizações são coisas muito comuns como, por exemplo, quando dizemos que uma corda tem massa desprezível, ou que o atrito entre duas superfícies é nulo, etc. Pois com a maioria dos fluidos comuns podemos fazer certas simplificações, via de regra relacionadas a viscosidade, e que não podemos expandir para outros como, por exemplo, o plasma sanguíneo, que é um tipo de fluido não newtoniano. Isso não tem nada a ver com as leis de Newton. Só faltava essa: Estudar o plasma sanguíneo sob o prisma da relatividade de Einstein!!! Sobre o ET e o átomo - Modelos e Realidade Alberto: Não, mas estou a supor que ele chegaria à mesma realidade a que chegamos, independentemente dos passos que viesse a dar.Sergio: A realidade a que chegamos é uma realidade física. Esta realidade física é construída (o constructo máximo) por nós. Quer fisicamente, sociologicamente e historicamente, num sistema complexo. Portanto, dizer que eles construiriam a mesma realidade física é ser muito optimista. Pq nenhum de nós construirá a realidade como ela é. Mas também já concluímos que, sob esse aspecto, vemos a física sob prismas diferentes. E já reconheci que sou otimista . E não concordo que nenhum dos físicos que fizeram a história da física tenham "construído" o átomo, da forma como propões. Quando muito, eles descobriram o átomo, algo que existe na natureza. Da maneira como encaro a física, o átomo é uma entidade 100% natural e, portanto, dotado de uma realidade física, ainda que nos esconda segredos de natureza metafísica. A física está aí para ser descoberta, nunca para ser inventada. E esse foi um dos grandes erros cometidos pelos físicos do século XX, a começar por Einstein que gostava de expressar essa idiossincrasia. Aliás, pelo que conheço de Einstein, a quem admiro muito, creio que esse "inventar", que dizem ser dele, parece-me ser erro de tradução. Os constructos, que com frequência cito, são grandezas lógicas e/ou matemáticas, construídas com a finalidade de representar a natureza; sob esse aspecto, o átomo não se enquadraria nesta categoria. Sim, eu posso "construir" um modelo para o átomo, mas não posso "inventar" o átomo. E esse modelo deve representar uma realidade, do contrário estará condenado ao fracasso. Alberto: Mesmo porque podemos chegar ao atomismo por uma infinidade de experiências diferentes, e nenhuma chega a negar a outra em seus fundamentos.Sergio: A questão era exactamente, que embora possamos chegar lá de diversas formas, nós não temos de necessariamente passar por ela. Mas... se existe um ponto de chegada...!!! Então não houve uma "invenção", mas sim uma descoberta. Bem, você não disse inventar (essa "seria" de Einstein) mas sim construir. Mas parece-me que o seu "construir" não está muito longe do "inventar" e/ou do critério da tentativa e erro, haja vista que você parece não valorizar adequadamente o terreno (e/ou os alicerces) onde os modelos devem ser construídos, dando maior ênfase aos resultados. Sergio: ...a realidade pura, essa é imutável. Se não o fosse era inútil tentar procurá-la.Sergio: A todos, não? Quem pode ser físico sem ser filósofo? Boa pergunta. Aliás, essa é uma das "brigas" que já enfrentei aqui na Ciencialist, pois muitos não concordam com essa idéia. Mas parece-me que as coisas estão mudando e os "inimigos" da filosofia estão ficando dia a dia mais tolerantes. Sergio: Então a física barata (se diz isso ai?) Faz sentido, mas não creio que seja uma expressão utilizada aqui. Nós estamos no terceiro mundo e uma das regras do terceiro mundo é não fazer nada barato. . Pobre gosta mesmo é de gastar. Sobre a física clássica Sergio: Se a física newtoniana está bem estabelecida. Então agora, como evolui a ciência? Ela deve procurar o q? Usar a Física de Newton em todos os casos e procurar um onde não dê certo?Sergio: Hei!, foste tu que no mail anterior me disseste que ela estava bem estabelecida, quando eu pedi um exemplo de algo "bem estabelecido". Agora dizes que não está.... . A bronca procede. Não obstante, espero ter utilizado a expressão "bem estabelecida" em dois contextos diferentes. No caso atual, estou tentando reafirmar o que já disse mais de uma vez desde que iniciamos o debate, qual seja, que a teoria newtoniana é uma teoria incompleta. Está aí faltando pelo menos um postulado ou princípio, e Newton demonstrou estar perfeitamente ciente disso. Se é incompleta, SOB ESSE ASPECTO não está ainda bem estabelecida. Por outro lado, no outro caso pretendi dizer que a teoria newtoniana é "bem estabelecida" no sentido em que os princípios em que ela foi construída permanecem válidos até hoje, resistiram a mais de 300 anos de investigação e em hipótese alguma foram falseados, por mais que se afirme o contrário (e lembro que nosso diálogo começou com a crítica de autores de livros didáticos que propugnam essa falseabilidade). Qualquer teorizador sabe que não se mexe nos pilares de uma teoria sob o risco de se despersonalizá-la totalmente. Aliás, este foi o motivo do duelo entre Einstein e Bohr. No caso da mecânica quântica, Einstein queria mexer nos princípios e Bohr, muito sabiamente, decretou a completude da teoria quântica. Em outras palavras, ele assumiu que ou ela estaria completa, ou ela não serviria para nada, e foi por isso que defendeu com unhas e dentes essa completude. O problema de se existiriam variáveis escondidas ou não, parece-me que para Bohr era secundário. E, com efeito, chegou-se a descobrir, para surpresa de alguns matemáticos que diziam o contrário, algumas variáveis escondidas e que não abalaram os pilares da teoria (nêutron, antimatéria, neutrino, etc). A teoria de Newton, por outro lado, foi construída por um excelente teorizador e que talvez intuitivamente, talvez por conhecimento, não se aventurou a "construir" princípios que não pudesse justificar adequadamente pela lógica a apoiar-se na experimentação. É nesse sentido que ele afirmou "Não faço hipóteses", pois no sentido que se dá hoje ao termo hipótese não creio ter nascido um cientista que tenha feito mais hipóteses do que Newton. Graças a esse cuidado sua teoria está incompleta, mas os princípios prestam-se a se imiscuir com novos princípios, sem que isso desfigure a física newtoniana propriamente dita. Aliás, já disse isso de maneira diferente: existe um modelo newtoniano (com três princípios) e um cenário onde se encaixa esse modelo (espaço, tempo, matéria, movimento e informação). Modelo + cenário = física newtoniana, uma física incompleta sob o aspecto axiomático mas, apesar disso, e sob o aspecto estrutural, muitíssimo bem estabelecida. Pois nem mesmo o cenário tem o que mudar, apenas admite a existência de fenômenos a serem descobertos e/ou explicados. E isso foi expresso da seguinte maneira: And therefore I scruple not to propose the Principles of Motion above-mention'd, they being of very general Extent, and leave their Causes to be found out; o que tem sido traduzido por: "E, portanto, não tenho escrúpulos em propor os princípios de movimento acima mencionados, sendo eles de uma extensão muito geral, e deixar suas causas serem descobertas." Sergio: No meio desta historia Dirac lá conseguir sacar do mar as anti-particulas... Fastástico. Existe um pouco de fantasia nessa história. Já ouvi dizerem também que fomos à Lua utilizando a "teoria" de Julio Verne. Sim, Dirac previu alguma coisa, mas daí a dizer que ele previu a antimatéria é querer promovê-lo demais, e nem mesmo ele assumiu isso (no momento não tenho a referência mas já li uma conferência onde ele expõe esse problema); e faz parte da lavagem cerebral a que me refiro com frequência. Querem valorizar a MQ sob todos os aspectos e isso só tem uma explicativa: Os que assim agem não confiam suficientemente na MQ, e Freud explica muito bem esse fenômeno. Eu diria que isso faz parte do princípio do fim. A MQ está despencando sob todos os pontos de vista e aqueles que passaram toda uma vida estudando-a, não sabem mais o que fazer para salvá-la, então começam a cultivar ídolos de barro. É triste, mas essa é a realidade. Ação a distância Alberto: Newton simplesmente utilizou-se de uma aproximação válida para a resolução de problemas que o preocuparam na época, mas não generalizou essa aproximação.Sergio: Ora exactamente... então, a física que ele fez, é a física de Newton. E dentro da física que ele fez, ele assume a instantanedade. Ainda que em aproximação. Você está confundindo idealização com "aceitação de uma aproximação como sendo absolutamente correta". Não, idealização foi algo descrito pela primeira vez creio que por Galileu (ausência de atrito) e vale na prática, mas em hipótese alguma é algo a incorporar-se à teoria. Isso seria confundir teoria com prática. Houve um jornalista-economista brasileiro que notabilizou-se por uma frase que proferiu: "Na prática a teoria é outra". Essa frase está errada!!! O problema é que na prática despreza-se parte da teoria e fica-se com a impressão que a teoria é outra. Na prática idealiza-se e, de Galileu a Einstein, já se efetuou isso milhares de vezes, e quase sempre sem grandes problemas de ordem operacional. Todo professor de física faz isso com todas as teorias, quando vai calcular algo onde sabe que pode desprezar alguns requintes teóricos. Ou seja, para calcular a órbita da Terra ao redor do Sol podemos desprezar a não instantaneidade da ação; não obstante, faça isso com aquele probleminha relativo ao periélio de Mercúrio e você perceberá que a "física clássica na visão de um físico moderno" não funciona. Mas não funciona porque a resolução do problema está errada, porque este problema não comporta a idealização adotada. Newton não previu esse efeito (desvio do periélio) mas é suficiente ler "toda" a sua obra para perceber que ele acreditava que algo semelhante poderia ocorrer em algumas circunstâncias. Essa história da física newtoniana comportar a ação a distância como algo a ocorrer instantaneamente é uma falácia que chegou a ser comentada por Maxwell, no final de seu tratado sobre eletromagnetismo (capítulo XXIII, Theories of action at a distance), como dogma de Cotes. Harman,P.M., por exemplo, em seu "The Natural Philosophy of J.C. Maxwell" faz o seguinte comentário sobre o pensamento de Maxwell: He maintains that the supposition of a medium in which energy is propagated is consistent with Newton's doctrines, pointing out that it was Roger Cotes, in his preface to the second edition of Newton's Principia, who was the author of the opinion that 'action at a distance is one of the primary properties of matter, and that no explanation can be more intelligible than this fact'. In the Treatise Maxwell describes this non-Newtonian doctrine as the 'dogma of Cotes'; and in February 1873 he refers to Cotes as 'one of the earliest heretics bred in the bosom of Newtonianism'. In his lecture on 'Action at a distance' he firmly declares that 'the doctrine of direct action at a distance cannot claim for its author the discoverer of universal gravitation'. Preciso dizer mais alguma coisa a respeito? Alberto: Quando os matemáticos criaram os demais formalismos, continuaram a efetuar a aproximação preconizada por Newton, e que dá certo na grande maioria dos casos. Mesmo porque, isso simplifica sobremaneira o formalismo (não creio que, do contrário, a coisa se resolvesse apenas com a introdução de um fator k, como você propõe).Sergio: Olhando para http://world.std.com/~sweetser/quaternions/qindex/qindex.html A coisa parece bem simples de matematizar. E o curioso é ver a diferença entre a mat. da Relatividade e da MQ. Intrinsecamente diferentes (por 1 sinal ) Grato pela referência mas o assunto é muito extenso e vou deixar para outra ocasião. De qualquer maneira, relendo o que escrevi noto um certo ar de ingenuidade matemática de minha parte. Pois introduzir um fator k muitas vezes significa muita coisa e nem sempre é algo tão simples quanto dei a entender. De qualquer forma, quis chamar a atenção para a não simplicidade do processo e mantenho a idéia. Alberto: O problema é que em determinadas condições a aproximação não se justifica, e percebe-se que as coisas se complicam bastante.Sergio: Mas Newton não deu nenhum deles. Ou deu? Não mas dizem que ele demorou cerca de 15 anos para publicar os Principia, pois estava ciente de que deveria exemplificar coisas como, por exemplo, essa não instantaneidade. E só publicou graças à insistência de seu amigo Halley, que parece ter financiado o projeto. Hoje sabemos em que condições não podemos desprezar a não instantaneidade, mas com a tecnologia do século XVII não daria nem para sonhar com efeitos desse calibre. Produto Vetorial Interno e Translacional Alberto: Consigo então, com um único campo vetorial A (ou, de maneira equivalente, com um campo escalar f) dizer que os efeitos elétricos seriam conseqüentes à aplicação do translacional sobre ASergio: Com um único campo explicas o efeito electrico. E olhando bem, nem precisas de falar de electrões, mas desse campo. Então tudo isto é uma teoria de campo. E é exactamente igual à de Maxwell sobre o aspecto daquilo que é o objecto do estudo. O Campo. Então estás a usar a mesma "mecânica dos fluidos" que ele. E eu me pergunto se não era suposto, não ser assim... Sim e não. A teoria de Maxwell tem quatro equações irredutíveis. A minha tem apenas uma. A de Maxwell tem dois potenciais A e f irredutíveis. A minha tem um vetor campo A que não é potencial no sentido de que não pode ser calibrado e que pode ser pensado como um campo escalar f a gerar A quando multiplicado por um vetor w que representaria estruturalmente o elétron. A minha teoria é microcósmica e a de Maxwell é válida para o macrocosmo. Seria o mesmo que aplicar a mecânica dos fluidos para os gases e tentar compará-la com a teoria cinética dos gases. Numa delas, utiliza-se elementos infinitesimais de volume; na outra moléculas. Em resumo: existem muito mais diferenças do que semelhanças entre a minha teoria e a de Maxwell, ainda que eu consiga deduzir inúmeros aspectos desta última a partir da primeira e, portanto, os dois modelos não se incompatibilizam entre si. Sobre a física quântica Alberto: Gosto não se discute. Mas daí a dizer que a MQ tem sido útil para alguma coisa vai uma distância muito grande.Sergio: A única? Então e as anti partículas? Já agora, qual é visão clássica, disso? (partículas- anti partículas) Anti partículas foram descobertas por volta de 1930. A visão clássica foi colocada na gaveta por Lorentz e no século XX ninguém tentou explicar nada utilizando a visão clássica. A visão quântica, por outro lado, consegue "explicar muito bem" (sic) o que são anti partículas. O problema surge quando ela tenta explicar o que são partículas . E a partir daí ninguém entende mais nada e não sou apenas eu a dizer isso: "E tenho de confessar que, quanto mais eu estudo teoria quântica, menos eu a entendo (Alan Sokal)." Mas... se explicar através de gnomos é ser útil, então não está mais aqui quem falou. Física clássica e velocidade infinita Sergio: Mas eu não disse que tinha de ser nesse sentido. Eu falei em velocidade máxima da informação. No sentido de velocidade finita. Onde, no trabalho de Newton ele usou isso? Na prática ou em teoria? Lembro que Newton desenvolveu sua teoria no século XVII. Digamos então que ele tenha utilizado para explicar a refração da luz. E, a partir dessa sua explicação, para justificar o que hoje denomina-se, a partir de uma interpretação errada, efeito túnel. Utilizando as palavras de Newton (Questão 17, Óptica III): "And do they not overtake the Rays of Light, and by overtaking them successively, do they not put them into the Fits of easy Reflexion and easy Transmission described above?" Ora, se isso que você chama informação tivesse, para Newton, velocidade infinita, essas "informações" não precisariam "alcançar" os raios de luz, pois o efeito seria instantâneo. Sergio: Se nunca usou, pq não podemos dizer que a física feita de Newton assume a velocidade infinita? Simplesmente porque isso retrata um erro crasso. A física newtoniana jamais, jamais, jamais, jamais, jamais assumiu velocidade infinita para nada, a não ser para a propagação deste erro entre os seus falsos seguidores que não tiveram, "em questões filosóficas, competente faculdade de pensar". Sergio: Embora ele sendo consciente de ser finita, ele nunca usou isso em lado nenhum. E do ponto de vista do observador, a física dele não trata esse aspecto da realidade, que ele mesmo, sabia existir. Então a teoria era incompleta pq ele próprio a fez assim. A teoria era incompleta mas não por este fator. Por este fator ela mostrou sujeitar-se a idealizações do mesmo tipo daquelas que fazemos ao "eliminar" o atrito, ou a massa de uma corda, ou no estudo dos gases ideais, etc. Idealizações são artifícios válidos para casos específicos. E acho mesmo incrível que alguém, no século XVII, de posse de dados experimentais mais do que comprovados, defendesse com tanta veemência a não instantaneidade da ação, a aparentemente contradizer a experimentação. Algo praticamente impossível de se prever, pelo menos em mecânica (mas não em Óptica), com a tecnologia da época. Mas algo perfeitamente possível de ser previsto por alguém que "em questões filosóficas", possuísse "competente faculdade de pensar". Sergio: Quanto mais perturbações existirem no meio, menor será a velocidade. então num meio sem perturbação alguma ela será máxima. No caso da luz esse máximo dá-se no vácuo. E é isto o principio de máximo da velocidade da luz. Para criticar Newton, o mínimo que deveríamos fazer seria nos colocarmos na posição dele. Para Newton a luz era corpuscular, logo o vácuo ou o "aether" podem ser deixados de lado nestas considerações. Por outro lado, ele assumia também que a luz acompanhava-se do que chamava "espírito da matéria" ou vibrações emitidas pelos corpos e a viajarem juntamente com os corpúsculos e também em condições de exercerem efeitos sobre esses corpúsculos. Sim, existe alguma fantasia nessa história toda, mas lembro que isto foi para a gaveta há mais de 200 anos, antes mesmo de terem engavetado a mecânica newtoniana. Alberto: Por outro lado, se você me perguntar qual é a velocidade com que uma partícula, presente num meio que transporta o som, emite a informação que fará a sua vizinha mais próxima entrar em vibração, aí sim diria que será algo da ordem de c. Seria esta o que chamas velocidade de informação?Sergio: Sim. Algo desse tipo. O exemplo mais simples é este. Duas cargas, separadas por uma distância d. Em certo instante, uma move-se e volta ao ponto em que estava , num movimento "rápido" Como é que a outra partícula sente, se sentir, essa mudança de posição da primeira carga? Pelo transporte de informação. A informação é então criada pela alteração do estado presente / estacionário do sistema. A questão para Einstein, foi: E por onde se propaga a informação que liga as cargas? Pelo campo electromagnético. Então esse pequeno "ups" de uma carga, cria uma perturbação no campo. Essa perturbação propaga-se à velocidade do campo EM, nesse meio, até à 2ª carga. Pelas eq de Maxwell essa "perturbação" é um fotão. E dai a mediação electomagnética é feita por fotões. E pelas mesmas eq essa velocidade é constante qq que seja o caso. E então c e´ invariante. Tudo isto é muito clássico a meu ver. Ou não? Aparentemente sim mas não existem situações meio clássicas. Ou se é clássico ou se não é. Na hora em que você fala em fóton e/ou interpreta o fóton com o sentido dado a ele por Einstein (efeito fotoelétrico), o teor clássico da idéia vai por água abaixo. Aliás, essa é uma verdade que a grande maioria dos físicos modernos não se dá conta e foi essa uma das virtudes que apontei em Bohr, a de perceber que uma pequena e insignificante diferença pode comprometer toda uma teoria. Via de regra, há os que afirmam que Einstein era clássico, pois combateu o princípio da incerteza (Hawking pensa desta forma). Digamos então que ele seja um "clássico na visão de um físico moderno", jamais na visão de um físico clássico. Sergio: O problema está nas eq de Maxwel... mas elas derivam de trabalhos experimentais de muita gente. Então, pq duvidar delas? Mas eu nunca duvidei das equações de Maxwell. Simplesmente sou contra a generalização efetuada por Lorentz muitos anos após a morte de Maxwell. Mesmo porque essas generalizações não se apóiam em nenhum dado experimental fidedigno. Essas idéias de Lorentz vingaram na física por decreto e sob o clima da autoridade de Lorentz e Cia Ltda. Não posso duvidar de uma experiência que não existe. As experiências que existem deixam claro que o elétron de Lorentz é ficção científica e sobre esta ficção construiu-se a física dos gnomos. Alberto: Não existe uma velocidade máxima no sentido relativístico (de Einstein) que se dá ao termo."Sergio: As eq de Maxwell dizem que sim... o pensamento por detrás é puramente clássico. Pois é um classicismo deturpado e não assumido por Maxwell como tal, mas por seus maus seguidores. O que penso a respeito está em O espaço curvo euclidiano e a relatividade galileana, em meu site. Alberto: Você está me "proibindo" de examinar a vara por outras experiências que não aquela que apenas mostra a sua sombra.Sergio: Sim. Estou impedindo nessa situação. A forma de aceder aos átomos é via campo magnético. (o que implica em direcção privilegiada e em 'sombra') Mas se me deres um "sonar" para átomos, eu aceito...onde está ele? Na experiência de Rutherford, dentre outras. Sergio: Eu não vejo pq ele o tenha de fazer. Donde ele tirava essa energia? Pergunte para o Lorentz. Afinal, essa idéia apóia-se no seu decreto. Sergio: Hoje eu me lembrei que fiz uma experiência com um canhão de electões e umas bobines de Helmoltz. E lembrei-me que tínhamos uma globo de vidro com gás lá dentro para podermos observar o percurso dos electrões. Fiquei a saber que experimentalmente isso era necessário pq os electões só por si, não irradiariam. Ou não irradiariam no campo visível. A duvida nascida aqui, fica até eu encontrar qual seria o c.d.o da suposta radiação emitida pelo electrão. Alguem sabe? Sei. Abandone a idéia do elétron de Lorentz e todos os gnomos relativistas e/ou quânticos se esfacelarão, incluindo este. Alberto: Que fazer então? Continuar com a idéia de vibrações? Aceitar as órbitas permitidas?Sergio: Que tal matar essa teoria que diz que ele irradia? Foi o que Bohr fez. Embora como um postulado. Então ele não matou mas... Não vou dizer pois prometi para mim mesmo que não ia mais falar no tapete, mas você está me provocando . Você pode realmente matar essa teoria abandonando a idéia do elétron de Lorentz.
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