Diálogos Ciencialist

 
 

Maio de 2006

Velocidades superluminaisframes
Ciencialist
Mensagem única

 


msg 54489
De: Alberto Mesquita Filho
Data: 11 de Maio de 2006

Na mensagem 54483 da Ciencialist Homero (Oráculo) escreveu: Quando a relatividade "proíbe" que a matéria atinja velocidades maiores que a luz, não é porque assim deseja, mas simplesmente porque, ao calcular a equação E=mc², o resultado é de m = infinito. Ou seja, a matéria é infinita nessa velocidade. Como a matéria infinita exigiria (além do esforço de imaginação) energia infinita para ser acelerada, consideramos que é impossível, proibido, atingir a velocidade da luz.

Sem pretender contestar nada do que você disse, permita-me demonstrar que é perfeitamente possível compatibilizar essa idéia (ou pelo menos, essa matemática) com uma física clássica genuinamente newtoniana. Vou expor o que seria de se esperar dessa física clássica da maneira como a interpreto.

Imagine que alguém tenha construído uma nave espacial capaz de viajar, digamos, a 10% da velocidade da luz. Não seria uma tarefa fácil mas não há nenhuma teoria por aí a "proibir" esse empreendimento. Pois bem, digamos então que essa nave espacial contenha um laboratório onde seria possível medirmos a velocidade da luz como também acelerar elétrons e verificar, pelo estudo de seus comportamentos, a equação E=mc². Digamos que nessas condições observássemos neste laboratório uma situação idêntica àquela encontrada aqui na Terra, porém com algumas constantes numericamente modificadas. Por exemplo, suponha "por absurdo" que a velocidade da luz medida nesse laboratório fosse igual a 1,1c, ou seja, 10% acima de c. Esta seria uma das previsões das minhas teorias, se bem que de checagem impraticável na atualidade (pelo menos da maneira como exposto acima; indiretamente talvez dê para avaliar essa idéia, mas ainda não cheguei nesse requinte). Tudo o mais será semelhante, podendo-se, por exemplo, acelerar qualquer corpo numa velocidade superior a c, desde que não ultrapasse 1,1c.

Em outras palavras, o que afirmo em minhas teorias é que a Via Láctea (nossa galáxia) recebeu um impulso tal que hoje viaja no universo a uma velocidade igual a c. Ou seja, c não é a velocidade da luz, mas a velocidade da fonte de luz. Todas as fontes de luz próximas ao "nosso" repouso estarão numa velocidade próxima à velocidade da Galáxia em relação a um referencial absoluto newtoniano. Digo também que a fonte não consegue emitir luz numa velocidade superior a sua própria velocidade absoluta (este seria o princípio básico no que diz respeito à emissão de luz por uma fonte). No entanto o laboratório acima considerado recebeu um outro impulso capaz de lançá-lo da Terra (e portanto do referencial fixo à Galáxia) numa velocidade igual a 0,1c. Como a direção não importa (apenas o impulso), do ponto de vista energético tudo se passa como se esse laboratório estivesse a uma velocidade igual a 1,1c. Perceba que o que é importante na física de Newton não é o espaço absoluto e nem o referencial absoluto, mas sim o movimento absoluto ―embora Newton não tenha deixado isso por escrito, deixou isso implícito em muitos de seus argumentos ao se referir ao movimento absoluto e suas causas. Em dúvida vide O movimento absoluto e a física de Newton.

Ora, se tudo se passa, do ponto de vista energético, como se esse laboratório estivesse a uma velocidade igual a 1,1c, a luz emitida por esse laboratório seria igual a 1,1c e a constante "universal" de Einstein neste laboratório seria 1,1c. O limite de velocidade no referencial desse laboratório será 1,1c e a equação de Einstein nesse laboratório será E=m(1,1c)². Ou seja, um elétron poderá ser acelerado numa velocidade superior a c desde que em dois estágios (no primeiro aceleramos a nave espacial com o laboratório e no segundo o elétron no referencial do laboratório).

Mutatis mutandis, poderíamos estender isso para qualquer outra situação e verificar que o limite de velocidade de qualquer corpo seria infinito desde que o número de estágios fosse infinito. E isso seria feito sem voltarmos atrás no tempo, pois ao contrário do que dizem alguns ficcionistas "modernos", jamais nos enxergaríamos chegando, pois a luz por nós emitida estaria sempre numa velocidade superior a nossa própria velocidade. Tempo e velocidade são grandezas aparentadas matematicamente, mas esse parentesco, quando atingimos singularidades fixas ao nosso referencial (ou seja, o referencial da Galáxia) não modifica em nada o transcorrer do tempo. Se a matemática nos leva a singularidades (impossibilidade de ultrapassar c num único estágio), é suficiente modificar a matemática de maneira a adaptar-se à situação física (viagens em vários estágios), corrigindo-se a matemática a cada vez que "saltamos não-quânticamente" de um estágio para outro.

Existem outros mistérios relacionados ao tempo newtoniano, a ponto de também podermos justificar a existência de tempos relativos um pouco mais elaborados do que aqueles imaginados por Newton, mas creio que podemos, por ora, parar por aqui sob o risco de ninguém entender mais nada.

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Alberto

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