msg01 From: oz Subject: Velocidade da luz... Date: 27 Sep 2000 17:11:04 +0100 Einstein dizia que era impossível a um corpo acelerar até à velocidade da luz. Estou enganado ou a velocidade só se pode medir num referencial? Então esta velocidade é medida relativamente a quê? (esta questão é parecida com a da massa) oz msg02 From: Alberto Mesquita Filho Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 27 Sep 2000 18:35:07 +0100 Na msg01 oz escreveu: > Einstein dizia que era impossível a um corpo acelerar até à velocidade > da luz. Eu diria que a coisa é um pouquinho mais complicada. Segundo os postulados de Einstein, e em relação ao que poderíamos chamar, talvez inapropriadamente, "referencial da luz", seria impossível qualquer corpo simplesmente acelerar, pois este "referencial" (ou a luz, como queira) permaneceria, em relação ao objeto considerado, sempre a uma "velocidade" constante e igual a c. Não obstante, em relação a outros referenciais comuns o corpo seria acelerado. Em relação a estes outros referenciais é que o corpo seria incapaz de ultrapassar a velocidade da luz (ainda que em teoria pudesse atingí-la). Não há como entender o processo. Ou se aceita ou não se aceita. Ao aceitarmos optamos pela lógica matemática, deixando a lógica da natureza de lado. E é por isso que se diz que a relatividade de Einstein vai contra o senso comum. > Estou enganado ou a velocidade só se pode medir num referencial? Classicamente está certo. Relativisticamente depende do que considera pelo termo referencial. Como disse, "referencial da luz" seria, pela teoria da relatividade de Einstein, um termo impróprio. > Então esta velocidade é medida relativamente a quê? Em relação Àquele que, segundo Einstein, "não joga dados". > (esta questão é parecida com a da massa) Não entendi exatamente a analogia mas concordo que o "non-sense" da relatividade propaga-se para todas as propriedades clássicas fundamentais (espaço, tempo, matéria e movimento). [ ]'s Alberto msg03 From: Marco Ferra Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 27 Sep 2000 19:18:42 +0100 Eu nao entendo porque nao se pode acelerar até à velocidade da luz ou até mais depressa. Tudo pode "andar" a uma qualquer velocidade e existem coisas que tem uma velocidade própria. Por exemplo, a luz dependendo do meio em que desloca, água, ar, vazio, tem diversas velocidades. E diferentes "luzes" no espectro tem diversas velocidades. Eu acho que a questao é como se conseguirá chegar à velocidade da luz e nao se será possivel faze-lo. Comentários? msg04 From: Alberto Mesquita Filho Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 27 Sep 2000 19:45:11 +0100 >Eu nao entendo porque nao se pode acelerar até à velocidade >da luz ou até mais depressa. Eu também não! E foi por isso que disse na mensagem anterior: "Segundo os postulados de Einstein [...] Não há como entender o processo. Ou se aceita ou não se aceita. Ao aceitarmos optamos pela lógica matemática, deixando a lógica da natureza de lado. > Eu acho que a questao é como se conseguirá chegar à > velocidade da luz e nao se será possivel faze-lo. Sim mas se pensarmos em alcançar um fóton estaremos automaticamente recusando a física de Einstein. Nada contra! Aliás, tenho perseguido essa idéia há quase 20 anos e se quiser verificar minha produção neste período sugiro que visite meu Web Site. O que não podemos, não obstante, é aceitar a relatividade de Einstein e ao mesmo tempo não seguir seus postulados. Ou você assume que a relatividade é absurda ou aceita passivamente seus postulados. Assumindo-os, não há como aproximar-se de um fóton. [ ]'s Alberto msg05 From: "Jaime Gaspar" Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 27 Sep 2000 20:23:22 +0100 "Marco Ferra" escreveu na mensagem news:39d2394a@212.18.160.197... > Eu nao entendo porque nao se pode acelerar até à velocidade da luz ou até > mais depressa. À medida que a velocidade de um corpo aproxima-se da velocidade da luz, a inércia (oposição à aceleração) do corpo vai aumentando tendendo para infinito. Como não é possível acelerar um corpo de inércia infinita por meio de uma força finita, a aceleração nunca poderá ser mantida até que se atinja a velocidade da luz. Cumprimentos, Jaime Gaspar msg06 From: Marco Ferra Subject: Re: Velocidade da luz... Está bem, a inércia aumenta e tende para infinito quando se aumenta a velocidade do corpo. Mas a palavra "tende" aqui é muito importante. Para a inercia ser infinita como foi dito a velocidade teria de ser infinita tambem. E a velocidade da luz nao é infinita, é apenas muito rápida (comparada com os nossos padroes actuais)... Eu nao acredito que nao se consiga atingir a velocidade da luz simplesmente e porque a luz anda à velocidade da luz. O que me preocupa é imaginar um corpo a deslocar-se a esta velocidade... Entra em combustão pela friccao (supondo que existe atrito)? Muda de estado? A velocidade da luz só é frisada pelo facto de ser a mais rápida velocidade alguma vez atingida e conhecida... nao é necessariamente a velocidade máxima possivel. A chatice que era daqui a muitos milhares de anos ainda precisarmos de vários anos-luz para ir a outros pontos da galáxia... a velocidade da luz nao é "o" limite imposto, é apenas um limite temporário para o conhecimento que temos sobre a ciência. msg07 From: "Jaime Gaspar" Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 27 Sep 2000 21:06:10 +0100 "Marco Ferra" escreveu na mensagem news:39d24d59$1@212.18.160.197... > Para a inercia ser infinita como foi dito a velocidade teria de ser > infinita tambem. Não. Para a inércia ser infinita, a velocidade tem de ser igual à da luz. Podes verificar isso pelo factor segundo o qual aumenta a inércia: gama = 1 / (1 - V^2 / c^2)^(1/2) Cumprimentos, Jaime Gaspar msg08 From: "SMMT" Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 28 Sep 2000 01:15:04 +0100 > Eu nao entendo porque nao se pode acelerar até à velocidade da luz ou até > mais depressa. Tudo pode "andar" a uma qualquer velocidade Isso é uma facto , ou uma opinião? É uma opinião , não é? Bem em parecia. Já experimentas-te acelerar algo a uam velocidade proxima de c? Não? Então como sabes que serias capaz de o fazer? Conheces algo que viaje a mais que c? Sim? o quê? Se não conheces não vejo como podes dizer "ou até mais depressa" :-) A ciencia não é uam questão de fé :-) é preciso fazer experiencias :-)) >e existem coisas que tem uma velocidade própria. Se me explciares o que queres dizer com "velocidade propria" , pode ser que concorde.. > Por exemplo, a luz dependendo do meio em que > desloca, água, ar, vazio, tem diversas velocidades. Eu tb, descolo-me menos depressa dentro de agua , assim como a luz... >E diferentes "luzes" no espectro tem diversas velocidades. Essa vais ter de explicar melhor , pq no vacuo a velocidade de todas as frequencias é constante e igual a c. Com "luzes" suponho que te estejas a referir às diferentes frequencias. >Eu acho que a questao é como se > conseguirá chegar à velocidade da luz e nao se será possivel faze-lo. > Comentários? Bom , segundo o paradigma agora vigente , tal não é possível e portanto não vamos perder tempo com isso. MAS! se achas que é possível , e o conseguires demonstrar, meu caro, serás o pai do próximo paradigma Como disse o próprio Eisntein. " uma coisa só é impossível , até que alguém duvide e acabe provando o contrário" Tu já duvidas , agora resta-te provar o contrário :-) msg09 From: Alberto Mesquita Filho Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 28 Sep 2000 08:10:40 +0100 "SMMT" escreveu > A ciencia não é uam questão de fé :-) é preciso fazer > experiencias :-)) Neste caso eu diria, raciocinando dialéticamente, que a ciência é uma questão de "fé na experiência". Ou não? Enfim, eu acredito que a ciência é bem mais do que isso e, a respeito da fé do cientista, e já que falei em dialética, cheguei a escrever em 1983 a seguinte poesia: A FÉ DO CIENTISTA Vejo e não creio. Duvido. Se não vejo, respeito, Mas nego, Logo aceito. Leio e não encontro. Teorizo. Nego e renego Na esperança inglória De ao testar a hipótese Encontrar a glória De aumentar meu credo. Se preciso for Abstraio-me, Transcendo e, Do mundo do nada A resposta ao tudo espero. Se ainda assim permanecer nas trevas, Se os céus quiserem ocultar-me o certo E me negarem a maravilha infinda, Por esgotar o que me há de humano Não me desespero: Opto, Logo, creio sem ter visto. > Como disse o próprio Eisntein. " uma coisa só é > impossível , até que alguém duvide e acabe provando o > contrário" Muito bem colocado. [ ]'s Alberto msg10 From: "SMMT" Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 29 Sep 2000 14:21:46 +0100 > > A ciencia não é uam questão de fé :-) é preciso fazer > > experiencias :-)) > > Neste caso eu diria, raciocinando dialéticamente, que a > ciência é uma questão de "fé na experiência". Ou não? não. A experiencia não implcia fé. A natureza não implica fé. O usar a natureza no seu estado directo não implica fé. A maçã cai indepedentemente da minha fé. Se não confias na natureza , em quem vais confiar ? A natureza não mente. E cabe a nós saber qual é a verdade que ela sabe A ciência não tem fé na experiência, a ciência tem fé em que pode alcançar essa verdade que a natureza detêm. msg11 From: Alberto Mesquita Filho Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 29 Sep 2000 23:34:55 +0100 "SMMT" escreveu > > > A ciencia não é uam questão de fé :-) é preciso fazer > > > experiencias :-)) > > Neste caso eu diria, raciocinando dialéticamente, que a > > ciência é uma questão de "fé na experiência". Ou não? > não. > A experiencia não implcia fé. A naturesa não implica fé. O usar a > natureza no seu estado directo não implcia fé. > A maçã cai indepedentemente da minha fé. Eu encaro a experiência como algo bem mais complexo do que uma simples observação. Se bem que possamos, talvez por um vício de linguagem, dizer que a observação é um tipo bem elementar de experiência, a experiência em si é algo bem mais complexo e envolve uma "análise" destinada a esmiuçar os procedimentos e os detalhes técnicos necessários para o teste de uma hipótese, incluindo até mesmo a montagem de um cenário. Se pretendermos, para citar um exemplo simples, testar a lei da inércia pela redução do atrito, deveremos selecionar o material apropriados para o teste, os mecanismos destinados a colocarem o corpo em movimento (impulso inicial), as manobras destinadas à redução do atrito, a seleção das variáveis a serem levadas em consideração, os dispositivos a medirem as variáveis escolhidas, a análise dos erros, etc. A complexidade deste procedimento analítico chega a ser enfatizada por Popper com as seguintes palavras: "O experimentador não está principalmente empenhado em fazer observações exatas; seu trabalho é, também, em grande parte, de natureza teórica. A teoria domina o trabalho experimental, desde o seu planejamento inicial até os toques finais, no laboratório" (POPPER, K.R., 1959: A Lógica da Pesquisa Científica, Editora Cultrix, São Paulo, 1975 (trad.).). Confundir observação com experiência seria o mesmo que confundir intuitivismo --a doutrina do "ver para crer", e que utilizando o raciocínio que impões, excluiria a fé-- com intuicionismo --a doutrina que valoriza a intuição como fonte de conhecimento legítimo e que propugna que o cientista é aquele que parte da verdade e, a partir de então, segue em busca da corroboração de suas teorias. Corroborar uma teoria, como afirma Popper, não é probabilizar e muito menos dar um rótulo de veracidade. Entre duas teorias concorrentes e dotadas de lógica ou de coerência interna, o cientista com freqüência opta por uma ou outra, e isto caracteriza sua fé numa das teorias e a descrença na outra. Einstein, por exemplo, no livro que escreveu com Infeld (A evolução da física) deixa bem claras as opções que fez ao desenvolver a teoria da relatividade, "optando" pelo eletromagnetismo de Maxwell em detrimento da relatividade clássica. É óbvio que ele apoiou-se na experimentação, porém utilizou-a de maneira a satisfazer seus caprichos momentâneos a apoiarem-se na sua fé. E a esse respeito, chegou a afirmar: "Se o senhor quer estudar em qualquer dos físicos teóricos os métodos que emprega, sugiro-lhe firmar-se neste princípio básico: não dê crédito algum ao que ele diz, mas julgue aquilo que produziu. Porque o criador tem esta característica: as produções de sua imaginação se impõem a ele, tão indispensáveis, tão naturais, que não pode considerá- las como imagem de espírito, mas as conhece como realidades evidentes." (Como Vejo o Mundo, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1981, p.145.) > A ciência não tem fé na experiência, a ciência tem fé em que pode > alcançar essa verdade que a natureza detêm. Sob esse aspecto diria que a fé a que me refiro é do cientista e não da ciência. O cientista deposita sua fé na ciência e conseqüentemente no valor da experimentação. Repito, não obstante, como espero ter deixado claro na msg anterior, "que eu acredito que a ciência é bem mais do que isso". [ ]'s Alberto msg12 From: Marco Ferra Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 28 Sep 2000 16:20:43 +0100 Eu sozinho nao consigo provar que se possa viajar à velocidade da luz, mas li em qualquer lado que cientistas já tinham conseguido superar esta velocidade. Pelo que me lembro tinham uma espécie de contentor contendo césio em gás e atravessaram-no com um feixe laser... o feixe que passou lá dentro acelerou e ultrapassou os 300 000 Km/s (obrigado pela correcao Alberto). E claro que isto nao passa de uma opiniao de um curioso destas coisas... sempre se pode supor e sonhar ;-) Cumprimentos, Marco Ferra msg13 From: "SMMT" Subject: Re: Velocidade da luz... Date: 29 Sep 2000 14:21:09 +0100 > Eu sozinho nao consigo provar que se possa viajar à velocidade da luz, Ninguem pede que seja sozinho. > mas > li em qualquer lado que cientistas já tinham conseguido superar esta > velocidade. Pelo que me lembro tinham uma espécie de contentor contendo > césio em gás e atravessaram-no com um feixe laser... Isso táva tudo certo se realmente fosse isso que eles fizeram. >E claro que isto nao passa de uma opiniao de um curioso destas > coisas... sempre se pode supor e sonhar ;-) Outra frase de Einstein :-) "A imaginação é mais importante que o saber , porque o saber é limitado enquanto a imaginação abarca todo o Mundo" acho que se substituíres imaginação por sonho tb funciona: Ou como diria o poeta "eles não sabem , nem sonham , que o sonho comanda a vida" Mas sonhos não convencem ninguém.
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