Msg 01
De: painho acm
Grupo: uol.ciencia
Data: Terça-feira, 13 de Julho de 1999 23:58
Esta é para o Alberto Mesquita. :)
Imagino que você conheça o experimento das fendas, que exibe um paradoxo da mecânica quântica (Acho que é isso). Estou curioso em saber o que você teria a dizer sobre essa experiência, de acordo com suas idéias. Pelo que eu consegui entender, a mecânica quântica não tem como explicar o que acontece. E eu acho essa experiência fascinante.
O que você poderia falar pra gente sobre isso ?
ass.: coronel acm
Msg 02
De: Alberto Mesquita Filho
Grupo: uol.ciencia
Data: Quarta-feira, 14 de Julho de 1999 08:30
Painho: Esta é para o Alberto Mesquita. :)
Olá Painho! Ou seria Coronel?
Painho: Imagino que você conheça o experimento das fendas, que exibe um paradoxo da mecânica quântica. (Acho que é isso.)
Realmente, ainda que muitos não gostem do termo paradoxo para este efeito, trata-se de mais um dentre os inúmeros fenômenos que os físicos quânticos gostam de jogar para debaixo do tapete.
Digamos que uma partícula (por ex., um elétron ou mesmo um fóton) seja lançada horizontalmente em direção a um anteparo vertical onde existem dois orifícios
A e B muito próximos entre si. Sabe-se que esta partícula vai sofrer difração (ou seja, sua trajetória será curvada) e portanto a imagem obtida após ser captada por uma placa fotográfica situada atrás do anteparo, não estará exatamente na altura de nenhum dos orifícios. Teria ela passado por
A ou por B? Teria sentido, baseado nesta imagem, dizer-se, por ex., que a chance dela ter passado por
A é de 80%? Ou seria isso uma especulação sem sentido algum?
Mesmo para os que acreditam que a dupla difração deve-se a uma interferência do tipo ondulatório, seria de se esperar um padrão simples de interferência, ou seja, tudo se passaria como se existisse apenas um orifício, pois a partícula passou apenas por um e o outro poderia ser ignorado. Na prática isso não acontece. Como se sabe disso?
A experiência foi feita por Geoffrey Taylor, em 1909, com fótons. Taylor reduziu a intensidade de um feixe de luz a ponto de podermos dizer que estava trabalhando com apenas um fóton. Fez a experiência inúmeras vezes, com os dois orifícios abertos e queimando a mesma placa fotográfica, e o resultado que obteve era o mesmo obtido pela dupla difração com múltiplos fótons e retratando o fenômeno da "interferência". Ora, mas se apenas uma partícula está em jogo, ela está interferindo com quem? Quando Taylor, em outra experiência, obstruia um dos orifícios, o padrão obtido era sempre o da difração simples, ou seja, a "interferência" desaparecia, como era de se esperar. Será que a partícula se desdobra em duas, uma real e outra fantasma, e cada uma passa por um dos orifícios, sofre cada uma a difração simples, e depois se interferem e, por final, a partícula fantasma desaparece tão misteriosamente como quando surgiu? Aparentemente é isso o que acontece.
Painho: Estou curioso em saber o que você teria a dizer sobre essa experiência, de acordo com suas idéias
A minha idéia, sob certos aspectos, aproxima-se da tentativa de explicação dada por David Bohm. Bohm dizia que existia uma partícula guiada por uma onda piloto. Provavelmente a partícula passaria por um dos orifícios e a onda pelos dois. A onda sofreria dupla difração e "guiaria" (posto que é o piloto da "nave") a partícula segundo o efeito resultante. Um pouco fantasioso, a meu ver. A idéia não agrada aos ortodoxos defensores da física quântica que não gostam de encarar a dualidade partícula-onda como algo a ser subdividido em duas entidades reais (vide o princípio da complementaridade de Bohr). Ainda que não agrade, não deixa de ser uma idéia que adapta-se a alguns dos dogmas da física moderna, ainda que não todos. Existem ainda explicações outras dignas de livros de ficção, como a estória dos universos paralelos que recuso-me a comentar (a menos que solicitado, e lembro que não domino o assunto) posto que foge totalmente do âmbito do que poderíamos chamar ciência.
Na minha idéia não existe nada de ondulatório nem de piloto. Toda partícula, em virtude de seu movimento, gera um campo de informações (informa o tipo de movimento próprio, por exemplo, giro ou translação). Este campo é emitido continuamente e age quando captado por partículas similares, gerando seu efeito, ou então é refletido, quando não captado. Este campo é refletido nas bordas dos orifícios (tanto
A quanto B) e, após a partícula ter atravessado um dos dois orifícios, retorna em direção à mesma, exercendo seu efeito. Para o caso do elétron este campo nada mais é do que o campo gerador de efeitos eletromagnéticos e esta dado em meu Web site (A equação do elétron e o eletromagnetismo) e, efetuando-se os cálculos necessários, não tenho dúvidas que explicará definitivamente como devem se dar as difrações simples e/ou duplas de elétrons.
ADENDA (acrescentada em abril de 2002): Em março de 2002 surgiu uma discussão na Ciencialist, ocasião em que este tema foi abordado. Apresentei então as figuras dfenda1.gif e dfenda2.gif que podem ser visualizadas clicando-se
aqui. As mensagens que escrevi na ocasião e que acompanharam as figuras podem ser lidas clicando-se
aqui.
Painho: Pelo que eu consegui entender, a mecânica quântica não tem como explicar o que acontece.
Não só não tem como também não quer. Todos os físicos que tentaram explicar o fenômeno por um raciocínio não abstrato caíram em desgraça frente a seus pares. Pudera! Chegam a conclusões que, a curto prazo, condenam a física quântica à insolvência.
Painho: E eu acho essa experiência fascinante.
Sem dúvida.
Painho: O que você poderia falar prá gente sobre isso?
Já falei, ainda que tenha desagradado a muitos. Enfim, estou aqui para as malhações que se fizerem necessárias
.