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Diálogos Surgidos na ciencialist e uol.ciencia em novembro e dezembro de 1999 após a divulgação do artigo

O elétron emissor de radiações eletromagnéticas.

 


De: Alberto Mesquita Filho
Fonte: Ciencialist - 2426 e uol.ciencia
Data: Terça-feira, 30 de Novembro de 1999 02:40

Nova teoria sobre a natureza da luz (radiação eletromagnética) em:

Título: O elétron emissor de radiações eletromagnéticas.
Autor: Alberto Mesquita Filho
Seções:

  1. Resumo e Abstract
  2. Introdução
  3. Campo Eletromagnético Estático
  4. Campos eletromagnéticos estacionários
  5. O elétron emissor de radiação eletromagnética
  6. A energia das radiações eletromagnéticas
  7. O componente material das radiações eletromagnéticas
  8. Bibliografia

Resumo: Novas idéias são apresentadas para a radiação eletromagnética a refutarem tanto uma natureza ondulatória quanto corpuscular. O autor esclarece alguns aspectos relativos à reação de radiação e às órbitas permitidas de Bohr, temas estes sobre os quais a física moderna fica a nos dever explicações; e sugere a existência de campos permeados por partículas reais, a contrastarem com a natureza dual da "onda eletromagnética".

Aguardo comentários, sugestões e/ou críticas.

[]'s
Alberto


Discussão que se seguiu à msg acima apresentada


msg2427
De: Luiz Ferraz Neto (Léo)
Data: Terça-feira, 30 de Novembro de 1999 10:13

Ola Alberto.

Li (parcialmente) o texto. Sem dúvida, muita areia para meu caminhãozinho. Entretanto, à margem minha ignorância, apreciaria que me desse o 'caminho das pedras' para entender apenas duas proposições:

1) A grandeza vetorial A, no referencial inercial, obedece à lei A = w/r (independente do tempo), onde w é uma (?) propriedade vetorial associada ao elétron. A seguir, foi proposto um giro para o elétron, no plano de w. Ora, se S(x,y,z) é um referencial inercial (onde vale a proposta acima) então S'= x', y',z'), que gira em torno do eixo z de S, não pode ser inercial. Onde falha meu raciocínio?

2) No texto:

"A energia, em física clássica, nada mais é do que um construto de alto nível a retratar o princípio da equivalência entre os fenômenos naturais: "duas transformações equivalentes a uma terceira são equivalentes entre si" (MESQUITA, 1993, capítulo V). O caráter relativo da energia assim definida faz-se presente por toda a física clássica e isto fica bastante nítido em mecânica, tanto na conceituação da energia cinética quanto na conceituação da energia potencial; mostra-se um pouco confuso em termodinâmica, pois retrata meramente uma equivalência entre calor e trabalho, jamais uma identidade entre energia mecânica e energia térmica (MESQUITA, 1995b), o que nem sempre fica claro para o principiante; e existe ainda a energia estudada em teorias clássicas de campo, a retratar também uma equivalência entre transformações promovidas ora pelo campo, ora por processos outros, jamais uma identidade entre a energia do campo e a energia mecânica. Enfim, é um artifício que funciona e a traduzir uma possível identidade ou, então, a existência de variáveis escondidas."

Entendo que tanto a energia potencial [U(B) - U(A) = W(AÞB) = (integral de B a A) F.dr] definida como o trabalho de F para levar a partícula de B até A, fica definida a menos de uma constante; entendo também a mesma implicação para a energia cinética ... mas não consegui associar isso com o "um construto de alto nível a retratar o princípio da equivalência entre os fenômenos naturais".

Desculpe-me forçá-lo a retornar ao nível do 'jardim da infância' para poder explicar-me isso mas, como disse, meu caminhãozinho é pequeno.

[]'s
Léo


msg2433
De: Alberto Mesquita Filho
Data: Terça-feira, 30 de Novembro de 1999 16:08

Olá Léo

Léo: ...apreciaria que me desse o 'caminho das pedras' para entender apenas duas proposições:

Pois não.

Léo: 1) A grandeza vetorial A, no referencial inercial, obedece à lei A = w/r (independente do tempo), onde w é uma (?) propriedade vetorial associada ao elétron. A seguir, foi proposto um giro para o elétron, no plano de w. Ora, se S(x,y,z) é um referencial inercial (onde vale a proposta acima) então S'= x', y',z'), que gira em torno do eixo z de S, não pode ser inercial. Onde falha meu raciocínio?

A dúvida deve estar surgindo no entendimento do que chamo "elétron em repouso". Com efeito, existe uma impropriedade linguística pois o "elétron em repouso" seria, da maneira como estou definindo este repouso, aquele que, no referencial considerado, "apenas" gira sobre si mesmo com a sua velocidade angular ômega (supostamente constante). É como se eu dissesse que um pião, "girando" em cima de uma mesa, estivesse em "repouso" quando o seu centro de massa permanecesse com posição invariável no decorrer do tempo. Este movimento de giro, a representar um "spin" clássico, poderia ser omitido, simplesmente dizendo-se que o elétron "em repouso" possui uma propriedade vetorial w que manifesta-se através do campo A que gera. Trata-se portanto de um movimento de "nível inferior" e intimamente relacionado a sua estrutura interna e que, do ponto de vista eletromagnético, pode ser deixado de lado (não apenas o giro mas também o referencial S'), a menos que procuremos por uma teoria representacional para este "spin clássico". Embora não seja um "spin" no sentido adotado pela física moderna, não deixa de ter algumas características semelhantes como, por exemplo, um suposto caráter constante para ômega. Se por algum motivo este giro variar, isto deverá se refletir de alguma maneira no campo A e, em decorrência, numa variação da "constante" K de minha teoria original — isto poderá ocorrer, por exemplo, em velocidades "relativísticas", condições em que a energia transferida ao elétron seria em parte assimilada como energia cinética de rotação, o que, ao não ser levado em conta, daria a impressão de ganho em massa pelo elétron.

A física moderna, ao considerar as partículas elementares como pontos materiais, também despreza possíveis movimentos destas partículas relacionadas a suas estruturas internas. No estudo do sistema solar frequentemente desprezamos, numa primeira abordagem, o giro da Terra ao estudarmos, por exemplo, sua órbita ao redor do Sol, considerando a Terra um ponto material.

Léo: 2) Entendo que tanto a energia potencial [U(B) - U(A) = W(AÞB) Þ (integral de B a A)F.dr] definida como o trabalho de F para levar a partícula de B até A, fica definida a menos de uma constante; entendo também a mesma implicação para a energia cinética ... mas não consegui associar isso com o "um construto de alto nível a retratar o princípio da equivalência entre os fenômenos naturais".

Estou preparando um texto sobre o princípio da equivalência onde procuro mostrar que a conservação da energia é um caso particular deste princípio (o princípio é mais abrangente e válido até mesmo fora do âmbito da física), e postarei provavelmente amanhã. Antigamente (década de 60 ou anterior) os livros didáticos chegavam à raiz dos conceitos (lembro-me que o livro do Pieroni, e acredito que também a coleção Sears, falava sobre o princípio da equivalência e sua relação com a conservação da energia). Os livros didáticos de hoje estão mais afeiçoados aos modernos métodos pedagógicos a valorizarem a "decoreba".icon

[]'s
Alberto


msg2436
De: Jocax
Data: Terça-feira, 30 de Novembro de 1999 17:16

Alberto Mesquita Filho wrote:

Alberto: Aguardo comentários, sugestões e/ou críticas.

Alberto,

Há muito estou fora de um contacto direto com a física (formei-me em física em 80 e em computacao em 93). Li alguns trechos de seu site e achei muito interessante e ousado! [Principalmente qdo vc critica as partículas virtuais (gostei)]. Contudo, para um aspirante a uma nova teoria que talvez substitua a anterior, eu modestamente te pergunto:

  1. Sua teoria consegue explicar tudo q as outras explicavam?
  2. Ela explica novos fenomenos (ou é pelo menos + simples)?
  3. Ela é passível de refutação? (Qdo vc cria o campo "iem" ele pode ser medido?) Que experiencia vc bolaria de modo q este novo campo de informacao eletromagnetica pudesse ser verificado? Ou refutado?

Talvez vc ja tenha respondido isso lá, nao li todo o site (quem sabe outra hora o faça). De qqr modo gostaria de parabenizá-lo pelo espírito científico de inovação e da busca pela simplicidade.

[]´s
jocax


msg2456
De: Alberto Mesquita Filho
Data: Quarta-feira, 1 de Dezembro de 1999 15:14

Olá Jocax

Jocax: ...para um aspirante a uma nova teoria que talvez substitua a anterior, eu modestamente te pergunto:
1-Sua teoria consegue explicar tudo q as outras explicavam?

Embora concorde com a idéia, diria que esse "tudo" não corresponde à realidade histórica e, às vezes, nem mesmo à realidade acadêmica. Com efeito, as teorias que entraram na moda acabaram por explicar "quase tudo" o que as outras explicavam, mas isso deu-se após muito tempo e via de regra as explicações foram sendo acrescentadas por terceiros em sua tentativa de negar ou falsear a teoria. Do ponto de vista acadêmico diria que o "explicar tudo" acompanha-se de muitas farsas. No século passado explicou-se de maneira definitiva que a luz era um fenômeno ondulatório; neste século explicou-se de maneira definitiva que a luz é um fenômeno dual; e eu estou quase explicando definitivamente que a luz não é nem ondulatória nem corpuscular e nem dual. Há dez anos atrás o teletransporte, caso houvesse sido observado, teria sido utilizado para provar que a teoria quântica seria uma teoria inconsistente; atualmente diz-se que o teletransporte de fótons é explicado única e exclusivamente pela teoria quântica, chegando mesmo a ser de maneira imprópria chamado de "teletransporte quântico". Recentemente divulgou-se nos meios científicos que o "Universo é plano e está em acordo com a teoria da relatividade de Einstein". Qualquer um que conheça um mínimo da teoria da relatividade generalizada percebe que, a princípio, estas idéias são incompatíveis entre si. Ou seja, nos meios acadêmicos explica-se o que interessa ser explicado, muitas vezes por motivos espúrios. E é por isso que eu digo que a "física moderna" e a "teoria do método científico" são entidades incompatíveis. Por outro lado, conheço uma infinidade de explicações "científicas" dignas de uma CPI nas universidades e posso lhe dizer que no passado já fui alvo de algumas tentativas do que chamo corrupção ou suborno acadêmico. icon

Jocax: 2-Ela explica novos fenomenos (ou é pelo menos + simples)?

Sim e sim. Creio ter exposto muito a respeito em meu Web. Infelizmente não dá para explicitar numa mensagem curta como esta.

Jocax: 3-Ela é passível de refutação?

Sim, caso contrário não a teria chamado teoria. Para Popper, "uma teoria sem risco algum não é científica"; para mim, "uma teoria sem risco algum não é teoria".

Jocax: (Qdo vc cria o campo " iem" ele pode ser medido ?)

Sim. Aliás, convém dizer que ninguém mede o "campo elétrico da teoria de Maxwell", por exemplo. O que se mede é a força exercida pelo campo. Não obstante consegue-se, através de artifícios engenhosos, via de regra matemáticos, conceber-se um campo elétrico. Porém, os campos da teoria de Maxwell são incompatíveis com a existência de algo viajando pelo espaço pois até hoje não se conseguiu traduzir todos os efeitos eletromagnéticos através de um único potencial tal que seu gradiente igualasse o fluxo de um único campo vetorial. Isto eu consigo fazer em minha teoria (o potencial f e o campo vetorial h), podendo então dizer que pela minha teoria "existe" alguma coisa viajando através dos campos eletromagnéticos, coisa esta que chamo por "informação eletromagnética" ou iem.

Jocax: Que experiencia vc bolaria de modo q este novo campo de informacao eletromagnetica pudesse ser verificado? Ou refutado ?

Muito simples. Pela teoria de Maxwell o campo no interior de um condutor eletrizado (carga elétrica) é nulo. Pois eu digo pela minha teoria que existe um campo não nulo capaz de curvar a trajetória de um feixe de elétrons que por aí esteja trafegando. Conhecendo-se as condições de entrada do elétron nesse campo, bem como a geometria da carga elétrica geradora deste campo não nulo, é perfeitamente possível, com dados fornecidos em meu trabalho, prever a trajetória a ser seguida pelo elétron. Esta trajetória, a ser válida a teoria de Maxwell para elétrons, deveria ser retilínea. A experiência é extremamente elementar e pode ser feita em muitos laboratórios brasileiros. Existem outras mas esta parece-me ser a mais fácil e interessante, posto que retrata um fenômeno que ainda não foi suspeitado por outras teorias. Seria um equivalente do efeito Bhom-Aharonov (ação de um campo magnético nulo sobre elétrons) para campos elétricos. Esta idéia cheguei a apresentar em muitos grupos de discussão da Usenet brasileira e internacional. Expus também em uma palestra que realizei na Unesp de Bauru há cerca de 5 anos, a convite do Secretário da Cultura Municipal.

Jocax: De qqr modo gostaria de parabeniza-lo pelo espirito cientifico de inovacao e da busca pela simplicidade.

Grato pelos elogios, pela leitura e, principalmente, pelas críticas bem fundamentadas.

[]'s
Alberto


msg2468
De: Alberto Mesquita Filho
Data: Quarta-feira, 1 de Dezembro de 1999 17:46

Olá Léo

Conforme prometi, relato abaixo algo relativo ao princípio da equivalência.

O Princípio da Equivalência:

O princípio da equivalência pode ser enunciado da seguinte forma: "Duas transformações equivalentes a uma terceira são equivalentes entre si." O que são transformações equivalentes e em que capítulo das ciências elas são estudadas?

O estudo das transformações equivalentes justifica-se sempre que estivermos estudando "Interações Entre Sistemas". Podemos estudá-las em ecologia, biologia, medicina (por exemplo, em equilíbrio ácido-básico e/ou hidroeletrolítico), química, físico-química, análise de compartimentos e em vários dos capítulos da física e muito especialmente, mas não só, em termodinâmica.

equiv01Pensemos na interação entre um campo gravitacional e uma esfera e tal que a esfera ocupe, neste campo, uma determinada posição e em repouso instantâneo (v = 0). Imediatamente a seguir ela cai (transformação AÞB) e após certo tempo sofre uma colisão elástica com o solo (situação ideal), voltando à posição primitiva (transformação BÞC) — Figura 1.

Digamos que a energia não tenha ainda sido concebida. Pergunto então: O que faz a esfera retornar à posição primitiva? O que fez com que ela caísse? Teria a esfera recebido algum atributo durante a queda e capaz de promover a "reflexão" após o choque com o solo?

Pensemos então numa segunda experiência. Ao atingir o solo a esfera é segura e logo após solta, permanecendo aí em repouso. Para que ela retornasse à posição inicial poderíamos "bolar" uma infinidade de experiências como, por exemplo, aquela mostrada na figura 2, seguindo portanto a transformação BÞD (utilizando a expansão de um gás elevamos a esfera). Temos agora uma interação esfera-gás.

equiv02

Vamos agora, com esses dados em mente, definir transformações equivalentes. Podemos dizer que "duas transformações são equivalentes (não só, mas também) quando, após passar por ambas transformações, o estado inicial e final de um dos sistemas que interage for o mesmo" (para o caso em discussão esse sistema é a esfera). Podemos então dizer, da experiência 1, que a transformação AÞB é equivalente à transformação BÞC (embora de sinal trocado) e, da experiência 2, que AÞB é equivalente a BÞD (também de sinal trocado). Consequentemente, pelo princípio da equivalência temos que BÞC é equivalente a BÞD (agora de mesmo sinal).

O que a aplicação do princípio mostra é que existe alguma coisa em comum entre os dois processos. No segundo caso, o gás elevou a esfera; no primeiro a esfera foi elevada graças a um atributo recebido do campo enquanto ela estava em queda livre. A esta alguma coisa podemos dar um nome, por exemplo, energia. Digamos então que a esfera possuísse uma energia potencial, por estar num campo; o campo exerceu um efeito sobre a esfera, efeito este caracterizado por dotá-la de energia cinética ou de movimento e esta última fez com que a bola retornasse à posição primitiva. No segundo caso o gás, de alguma maneira, cedeu essa alguma coisa, ou energia, à esfera, permitindo que ela chegasse a uma posição que não teria atingido por si só.

Ou seja, o princípio da equivalência permite que nos utilizemos de artifícios matemáticos para "construirmos" (e daí o nome construto de alto nível) determinados conceitos que, de outra forma, não fariam sentido (caso o princípio não fosse verdadeiro). No caso em pauta, o princípio permitiu a conceituação de energia. Em medicina, no estudo do equilíbrio ácido-básico do sangue humano, existe outro construto de alto nível, o "Base Excess" de Siggard-Andersen (1960) conceituado de maneira semelhante. Costumo dizer que Siggard-Andersen criou a Dinâmica Ácido-Básica, da mesma forma que Carnot, Mayer e Joule deram consistência à termodinâmica (se não houvesse o princípio da equivalência a termodinâmica restringir-se-ia à termologia, com o princípio do equilíbrio térmico).

O tema é bem mais extenso mas procurei fixar-me nos aspectos essenciais. Entre a captação do princípio da equivalência pela mente humana e a caracterização da energia como a entendemos hoje, dezenas de "séculos nos contemplam".

Descumpem-me pelo "rich text format" mas não consegui descrever o que pretendia sem apelar para figuras.

[]'s
Alberto


msg uol.ciencia 01
De: Daniel F. Fraga
Data: Sábado, 4 de Dezembro de 1999 14:53

Alberto Mesquita Filho" writes

Alberto: Fótons, entropinos e/ou neutrinos são portanto os corpúsculos de Newton, constituintes materiais a completarem as radiações eletromagnéticas dotadas de energia não nula. Reproduzem, a sua maneira, e num nível mais elementar, as características do elétron emissor. Conforme a direção da emissão em relação ao giro do elétron, portam-se como os férmions (entropinos e/ou neutrinos) ou os bósons (fótons) da física moderna

Eu não entendi quando você escreveu "Reproduzem, a sua maneira, e num nível mais elementar, as características do elétron emissor".

T+!


msg uol.ciencia 02
De: Alberto Mesquita Filho
Data: Domingo, 5 de Dezembro de 1999 20:25

Daniel F. Fraga escreveu.

Daniel: Eu não entendi quando você escreveu "Reproduzem, a sua maneira, e num nível mais elementar, as características do elétron emissor".

Olá, Daniel.

Eu não quis entrar em detalhes pois correria o risco de adotar um representacionismo não muito fácil de justificar. E isto poderia ser interpretado pelos críticos como algo situado no terreno das conjecturas infundadas, a menos que eu apresentasse provas ou, pelo menos, evidências circunstanciais. Não obstante, já que você percebeu que eu estava sutilmente deixando algo no ar, e estranhou a citação, tendo então solicitado uma explicação para o caráter implícito à mesma, vou dar uma resposta um tanto quanto grosseira (sem muito representacionismo) mas, de qualquer forma, coerente com a frase citada e muito próximo do que considero como "realidade evidente" (estou aqui adotando como "realidade evidente" o significado empregado por Einstein em um de seus pensamentos que já reproduzi no uol.ciencia em resposta a uma de suas indagações, lembra-se?) [Este pensamento está em Diálogos - Eletromagnetismo e Relatividade: Diálogos 2 - A Fé do Cientista].

Pois bem. Imagine uma esfera girando e que poderia, por exemplo, ser constituída por um material gelatinoso. Imagine ainda que em determinadas condições e por motivos vários esta partícula esférica lançasse partes desta gelatina para espaço (por exemplo, ao se sujeitar a interações de proximidade com outras partículas e que a levasse a acelerações lineares bruscas e variáveis no tempo, frequentemente referidas como choques; ou então fosse submetida a um torque que aumentasse ou pelo menos particulastentasse aumentar sua velocidade angular no sentido do vetor w). Pense ainda que esses pequenos pedaços de gelatina lançados conservassem o giro da esfera primitiva, ou seja, tanto a partícula emissora (elétron) quanto as emitidas (neutrino, entropino ou fóton) possuissem vetores w paralelos. Pense então nas duas possibilidades seguintes: 1) a partícula foi emitida equatorialmente (equador da partícula original) e o seu giro dá-se perpendicularmente à direção de sua propagação no espaço (no referencial da partícula original). 2) A partícula foi emitida nos pólos, e o seu giro é paralelo à direção de sua propagação no espaço (a figura ao lado ajuda a entender a situação descrita - para ampliar a figura clique na mesma).

No primeiro caso teríamos algo que poderíamos chamar um bóson clássico (por exemplo, as partículas relacionadas aos fótons da física moderna); e no segundo teríamos algo que poderíamos chamar de férmion clássico (a lembrarem os neutrinos da física moderna). Nesta imagem bastante simplificada ou grosseira, como me referi acima, não há muita diferença, a não ser em tamanho, entre um neutrino e um elétron (o elétron, quando num campo elétrico ou magnético, graças ao campo de indução descrito em minha teoria, viajaria também numa direção paralela a seu vetor w). Quanto ao entropino diria que é uma partícula hipotética e conceituada em outro de meus trabalhos (intitulado Variáveis Escondidas e a Termodinâmica) e que, a meu ver, seria o próprio neutrino. Quando disse "reproduzem, a sua maneira, e num nível mais elementar, as características do elétron emissor", entenda-se: são partículas de alguma forma semelhantes aos elétrons (reproduzem a sua estrutura num nível mais elementar) e distinguem-se pelo ângulo entre a direção de propagação e o vetor w (e foi porisso que disse "a sua maneira", querendo dizer "à maneira como se propagam"). No caso do "fóton" este ângulo é igual a 90 graus e no caso do neutrino 0 graus, como se pode inferir pela figura acima apresentada ou pela descrição acima efetuada.

Se quiser poderei avançar no representacionismo, lembrando porém que estaria entrando totalmente no terreno das conjecturas e com pouquíssimas justificativas além daquelas próprias à lógica transcendental, a incluir experiências de pensamento. Sinceramente, não sou contra a entrada nesse terreno. Não obstante, tomo minhas cautelas pois sei que a grande maioria dos físicos atuais, por puro medo, preconceito, arrogância, covardia ou mesmo ignorância, evita utilizar-se da lógica transcendental, defendida por Kant e que tão útil foi para cientistas como Newton, Einstein, Faraday, Maxwell e tantos outros; e pior: ridicularizam os que tentam seguir o pensamento de Haldane citado hoje no Caderno Mais da Folha de São Paulo: "O papel do cientista é pensar o impensável, criar novos mundos, derrubar convicções, especialmente as mais arraigadas em arrogância e preconceito." Quem não valoriza a intuição jamais conseguirá atingir o "status" de verdadeiro cientista; poderá, quando muito, disputar postos politicamente importantes em nossas universidades, não mais do que isso.

[]'s
Alberto


msg2573
De: Alberto Mesquita Filho
Data: Sábado, 4 de Dezembro de 1999 08:29

Olá Jocax

Em complemento ao que relatei em 01/12/99 com respeito ao seu questionamento...

Jocax: 1-Sua teoria consegue explicar tudo q as outras explicavam ?

...transcrevo abaixo a resposta que dei ao Fábio Chalub em 24/02/98, no uol.ciencia, quando ele me interpelou com a seguinte questão:

"... Uma teoria, para substituir outra tem que explicar o que a outra já explicava. A relatividade se reduz a mecânica de Newton, no limite de baixas velocidades, por exemplo. ..." (Fábio Chalub, 23/02/98).

Minha resposta, que não difere muito daquela que aqui postei recentemente, foi a seguinte:

Quando voce diz "uma teoria, para substituir outra tem que explicar o que a outra ja explicava", eu concordo dentro de limites temporais. A historia da ciencia esta' repleta de exemplos a justificar a sua afirmacao. No entanto isso nao acontece imediatamente apos a nova teoria ter sido lancada. A nova teoria precisa ser trabalhada, precisa passar por testes, precisa enfrentar criticas como as suas, precisa ganhar adeptos, enfim precisa, de alguma maneira, solidificar-se. Faraday, ao ser questionado sobre para que servia uma de suas teorias respondeu: "Para que serve uma crianca ao nascer?" Perceba que dentre as criancas de hoje, aquelas que sobreviverem irao nos substituir. Porem nao sabemos exatamente quem ira' substituir cada um de nos, no sentido social do termo.

E' verdade que a minha teoria ja' adquiriu um certo grau de sistematizacao mas, sem duvida alguma, "ela ainda e' uma crianca". 'A medida em que ela for se desenvolvendo e, admitindo-se que venha a resistir aos testes e criticas por que passar, certamente ganhara' novos adeptos, com ideias novas e, gradativamente, e na dependencia de sua abrangencia, ira' substituindo as outras teorias de menor consistencia logica; e ai' entao nao precisaremos mais cobrar pelas explicacoes, pois ou ela explica o que estas outras teorias ja' explicavam, ou ela nao as substituira'. Talvez ai' esteja o "xis" da questao: a minha teoria nao veio para substituir nenhuma outra; ela veio para ser testada. Se passar no teste, ai' a historia sera' outra.

E' obvio que, se eu estou propondo uma teoria num terreno em que ja' existem tantas outras, isto se deve ao fato de, por algum motivo, eu nao estar satisfeito com a situacao atual. E, em decorrencia disto, exponho o que penso sobre esta ou aquela teoria, em termos do que momentaneamente me preocupa. Mas, para que voce entenda como eu me enxergo ao criticar a fisica moderna, e ao mesmo tempo possa perceber que, por mais que eu queira, nao posso ser um "bom advogado" de minha teoria, leia este pensamento de Einstein:

"Se o senhor quer estudar em qualquer dos fisicos teoricos os metodos que emprega, sugiro-lhe firmar-se neste principio basico: nao dê credito algum ao que ele diz, mas julgue aquilo que produziu. Porque o criador tem esta caracteristica: as producoes de sua imaginacao se impoem a ele, tao indispensaveis, tao naturais, que nao pode considera-las como imagem de espirito, mas as conhece como realidades evidentes." (A. Einstein)

[]'s
Alberto


msg2640
De: Jocax
Data: Quinta-feira, 9 de Dezembro de 1999 19:53

Olá Alberto !

Realmente, as pessoas que procuram abrir fronteiras e mudar paradigmas correm mais riscos do que as que simplesmente "acompanham a maré". Se não fossem estes destemidos pioneiros creio que ainda estaríamos na idade da pedra lascada.

Contudo, os que defendem as teorias estabelecidas, tem um papel importantíssimo no controle de qualidade das teorias e no sentido da evolução cultural: cabem a eles todos os esforços para tentar manter o "status-quo" das antigas teorias estabelecidas.

Este embate é saudavel para a cultura científica pois ajuda a selecionar darwinianamente teorias antigas e novas.

Às vezes eu me empolgo em defender meus pontos de vista mas sei que os que me "atacam" estao também ajudando, nao só a mim ou a vc, mas a cultura cientifica de um modo geral, na busca pelo conhecimento. Acho que deveríamos agradecer a elas.

(PS: Conheci um Alberto no tempo da Fisica-Usp, vc era da epoca 77-80?)

[]´s
jocax


msg2677
De: Alberto Mesquita Filho
Data: Sexta-feira, 10 de Dezembro de 1999 19:13

Jocax escreveu:

Jocax: Contudo, os que defendem as teorias estabelecidas, tem um papel *importantissimo* no controle de qualidade das teorias e no sentido da evolucao cultural: cabe a eles todos os esforços para tentar manter o "status-quo" das antigas teorias estabelecidas.

Este embate é saudavel para a cultura cientifica pois ajuda a selecionar darwinianamente teorias antigas e novas.

Sem dúvida. A esse respeito lembro-me de um "embate violento" que travei com o Fábio Chalub no uol.ciencia (creio que falei alguma coisa a respeito na mensagem anterior). O Fábio "caiu de pau" em cima da minha teoria e ficamos cerca de dois meses "degladiando". No fim desistimos, com ele mantendo suas convicções e eu as minhas, sem que nenhum dos dois conseguisse convencer ninguém do uol.ciencia que o outro estava errado. Quantas saudades eu tenho desse duelo!! E o Fábio subiu no meu conceito. Pena que não existam mais pessoas a valorizar o trabalho dos outros e dotadas de conhecimento e coragem suficientes para exporem em público suas valiosas críticas. Consigo, vez ou outra, manter algum diálogo internacional, mas não tão caloroso e demorado quanto esse.

Quanto ao darwinismo, entendo a sua colocação mas deixo-os (você e o Roberto) a vontade para os embates que se fizerem necessários.risos

Jocax: As vezes, eu me empolgo em defender meus pontos de vista mas sei que os que me "atacam" estao também ajudando, não só a mim ou a vc, mas a cultura científica de um modo geral, na busca pelo conhecimento. Acho que deveríamos agradecer a eles.

Pois sempre que possível não só agradeço mas torno pública minha admiração por essas pessoas.

Jocax: (PS: Conheci um Alberto no tempo da Física-Usp, vc era da epoca 77-80? )

Minha área básica é medicina, e graduei-me em 1968. Na década de 70 cruzei com alguns físicos do Ifusp que cursaram, como disciplinas complementares de pós-graduação, dentre outras: "Transporte através de Membranas", "Biofísica Renal", "Termodinâmica aplicada à Biologia", etc. Na década de 80 cheguei a cursar vários cursos avulsos do Ifusp (cursos de extensão) como por exemplo, "Relatividade Especial" e "Termodinâmica Biológica". Nessa época conheci vários alunos da graduação em física e publiquei um artigo na revista Nova Stella, do Cefisma, intitulado "Duelo entre Gigantes", retratando os debates de Einstein e Bohr sobre a teoria quântica (paradoxo EPR dentre outros). Em 89 ingressei na graduação em física no Ifusp com a finalidade de adquirir os macetes necessários que estava precisando para equacionar minha teoria (precisava chegar à raiz de alguns problemas, principalmente do ponto de vista da física-matemática, e nada como começar do início). Conclui todas as disciplinas dos dois primeiros anos (89 e 90) e a partir daí comecei a cursar disciplinas optativas e do meu interesse (Física-Matemática, Teoria da Relatividade, Mecânica dos Fluidos, Estatística aplicada à Física, etc), sem a preocupação de evoluir em direção a obter o grau de bacharel em física (deixei de lado muitas disciplinas obrigatórias). Em 1993 meus afazeres impediram que pudesse dar prosseguimento aos estudos mas a essa época já havia atingido meu objetivo, tendo neste mesmo ano publicado a teoria, então axiomatizada.

[]'s
Alberto


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